A colonialidade do saber impôs a biomedicina como modelo dominante de cuidado, marginalizando as práticas tradicionais de saúde na América Latina. Essas práticas, enraizadas nos saberes ancestrais de povos indígenas, afrodescendentes e comunidades rurais, estão frequentemente associadas ao gênero, com as mulheres desempenhando papel central na preservação e transmissão desses conhecimentos. A partir das epistemologias decoloniais, este estudo problematiza os desafios impostos pela hegemonia biomédica e destaca a relevância dos saberes locais na construção de sistemas de saúde mais inclusivos e culturalmente respeitosos. O objetivo principal é analisar como as epistemologias decoloniais podem contribuir para o reconhecimento das medicinas tradicionais como formas legítimas de cuidado, rompendo com a visão colonial que desvaloriza os saberes não ocidentais. Os resultados revelam que, apesar dos esforços para integrar as medicinas tradicionais nos sistemas de saúde, ainda existem barreiras significativas, incluindo preconceitos epistemológicos, raciais e de gênero. Movimentos sociais, muitas vezes liderados por mulheres, têm sido essenciais na resistência contra a marginalização desses saberes, defendendo a valorização das práticas ancestrais e sua conexão com a preservação do território. Assim sendo, considera-se que, para superar os desafios impostos pela colonialidade do saber, é necessário não apenas revalorizar os saberes locais, mas também promover uma transformação nos sistemas de saúde. Isso permitirá um diálogo entre a biomedicina e as práticas tradicionais, reconhecendo as diversas formas de cuidado, respeitando sua diversidade cultural e epistemológica.
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